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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Então ele ligou dizendo que vinha.
Já era quase hora de dormir, pelo menos para ela que acorda com as galinhas, ou melhor, com as crianças.
Mas ao confirmar sua vinda, ela imediatamente desmontou a tábua de passar roupa e operou mais um daqueles milagres que só ela realiza.
Óbvio que sobrou para as crianças. Quem brincava no computador teve de desligá-lo. Quem via televisão, saiu correndo para escovar o dente sem antes dar aquela ajudinha com a irmã caçula.
Todos vibram com a sua chegada tirando o fato de ele ser o verdadeiro ladrão de mãe, no fundo, as crianças sabem que o mais importante é vê-la feliz.
Havia até um movimento de espera generalizado pela sua chegada.
Ela saiu em disparada e com seu olhar clínico e de águia, ainda deu aquela geralzinha na casa. Em se tratando dela, entenda por "geralzinha", quase uma faxina completa.
Numa cena parecida, ocorrida no início dos seus 20 anos, ouviu de seu irmão que era melhor ao namorado encontrar uma casa suja do que uma namorada cheirando a detergente.
Como ela nunca mais esquecera tal comentário, contou no relógio o tempo certo de livrar-se daquela condição de Veja Multiuso.
Queria o passe de mágica e sabia que quando ele chegasse a encontraria sem cheiro de detergente.
Enquanto um embalava o sono do outro, ela correru para aquele banho que só as namoradas sabem tomar. Banho "tcheco" seguido de hidratante e perfuminho discreto.
Melhor foi encontrar na volta, a pequena dormindo, o do meio já com o dente escovado e a mais velha, perfeita como sempre, pronta para tudo, inclusive para dormir.
O melhor de tudo é fazer escova no banheiro previamente limpo para a chegada dele.
Tudo perfeito, todos na cama, ela linda e cheirosa.
Toca o telefone e ele diz que não vai mais. Gasolina, tempo, essas coisas.
Ela ainda conseguiu dizer-lhe que tudo estava um brinco, inclusive ela, e lembrou-se que esse era o único item esquecido.
Voltando ao tempo, agora desacelerado, ela foi dar um boa noite caprichado às crianças, esquentou a água, fez um chá e rindo, orgulhosa, constatou, como sempre em situações como essas, de que é uma mulher maravilhosa, uma baita mulher! Ou como dissera ao seu ex marido uma vez, não uma mulher p...mas uma P...Mulher!!!
Seu chá tinha um gosto diferente, um gosto de vitória, de prazer. Um gosto de relax, daqueles que namorado algum dá e que quando todos dormem, ela pode sentir o sabor da vida e do hortelã.
Boa noite.

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